Resumo

Introdução: Cianobactérias e microalgas estão usualmente presentes nas águas e podem sobreviver, mesmo em condições severas de poluição, possivelmente por meio de potentes mecanismos metabólicos. Estas características tornam esse grupo de organismos potenciais agentes biorremediadores. Objetivo: Esse estudo teve como objetivo a prospecção da produção de lipases por cianobactérias e uma microalga por dois métodos de avaliação de atividade enzimática visando avaliar sua potencialidade como agente de biorremediação. Método: As cianobactérias Pseudanabaena sp, Microsystis novacekii, Microcystis aeruginosa, Microcystis protocystis e Synechococcus nidulans e a microalga Chlorella vulgaris foram cultivadas em meio ASM1, 25°C, fotoperíodo 12h e agitação com adição de três preparações indutoras de produção de lípases ao meio de cultivo: óleo de oliva 1%, óleo de oliva na forma emulsificada (óleo de oliva/água /Tween 80) e Tween 80. Após 96 horas, a biomassa foi separada por centrifugação e o sobrenadante constituiu o extrato extracelular. A atividade de lipase foi investigada por titulação por NaOH do ácido graxo formado pela hidrólise enzimática do triglicerídeo e por avaliação espectrofotométrica usando o p-nitrofenol-palmitato - pNPP como substrato para a enzima. Resultado: Utilizando-se o método titulométrico verificou-se que pelo menos uma das três preparações (óleo de oliva, óleo emulsionado ou tween 80) apresentou capacidade de potencializar a produção de lipase extracelular para quatro cepas. Para duas espécies de Microcystis não foi observada a produção da enzima. A atividade das lipases foi re-investigada utilizando o método espectrofotométrico. As seis espécies apresentaram aumento da produção por exposição às três preparações indutoras utilizadas. A preparação mais efetiva para o aumento de atividade variou segundo a espécie. O óleo de oliva mostrou potencial de indução enzimática para todas as espécies. Discussão: Os resultados foram observados por dois métodos, demonstrando a produção da enzima extracelular frente ao agente indutor. Em dois casos houve discordância nos resultados, o que pode se dever a maior sensibilidade do método espectrofotométrico. Como estas espécies são fotossintetizadoras, possivelmente não utilizam os indutores como fonte de carbono, mas as enzimas podem constituir mecanismos de defesa, garantindo-lhes a sobrevivência em ambientes hostis e vantagens competitivas frente a outros organismos naquele habitat. Conclusões: O estudo abre perspectivas para o uso dessas espécies em processos de biorremediação de ambientes contaminados por substancias graxas, particularmente para a biodegradação de poluentes lipídicos em água. Constitui ainda uma nova fonte para obtenção dessa enzima, a qual tem vários usos tecnológicos. Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG